A Importância da Autorresponsabilidade

A Importância da Autorresponsabilidade

 

Ouvimos tanto sobre autorresponsabilidade na vida, no trabalho, em casa, mas afinal, o que é autorresponsabilidade? Confira aqui um artigo completo.

 

Tempo de Leitura: 8 minutos

Ela  está associada à nossa capacidade de nos responsabilizamos pelo que acontece em nossa vida, pelos nossos resultados, nossas decisões, situações positivas e negativas que nos envolvem e principalmente pelo poder que temos em nossas mãos de escolhermos o que queremos para nossas vidas.

O melhor de tudo, é que da mesma maneira que aprendemos a transferir a culpa, em algumas situações a outras pessoas, também podemos desenvolver a autorresponsabilidade. A diferença é a dedicação necessária para aperfeiçoá-la, enquanto culpar os outros se torna mais simples, fácil e aplicável.

Continue a leitura para aprender mais sobre este conceito.

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O que é autorresponsabilidade?

A autorresponsabilidade é  aprendida, quando colocada em prática e de forma constante, as respostas que se espera do mundo diante das nossas decisões, se tornam mais esclarecidas e conseguimos enxergar com mais propriedade e profundidade situações antes não vistas. Essas análises agora realizadas, só é possível, pelos despertares que esta conduta nos traz enquanto capacidade. 

Paulo Vieira diz:

Autorresponsabilidade também pode ser compreendida como livre-arbítrio, ou a certeza de que é você quem está com o leme do barco da sua vida nas mãos. Então, cabe unicamente a você navegar. Um conhecido bordão diz que navegar é preciso. Eu, porém, digo que é impossível não navegar. Por isso, faço três perguntas: Quem está no comando do barco de sua vida? Por ação ou por omissão, para onde você está conduzindo sua vida? O quanto você de fato está preparado para conduzir o barco de sua vida? (VIEIRA, 2017, p.31).

Você sabia que nosso cérebro não é capaz de distinguir entre verdade e mentira? Quando pensamos repetidamente em determinada situação que aconteceu e queremos acreditar que ocorreu, aquilo torna-se verdade para nosso cérebro e consequentemente para nós mesmos. Quando responsabilizamos alguém por algo,mesmo sabendo de que a responsabilidade não era do outro, mandamos mensagens para o nosso cérebro de que somos isentos daquela culpa, isso então, passa a ser uma verdade. A autorresponsabilidade te deixa íntegro com você mesmo,

Diferença entre autorresponsabilidade e autossabotagem:

A autorresponsabilidade é o contrário da autossabotagem! A autossabotagem é quando criamos empecilhos de forma consciente ou inconsciente que nos impedem ou atrapalham na hora de realizarmos uma tarefa ou atingirmos um objetivo. Ela faz com que o indivíduo enxergue defeitos excessivos nos outros e nas situações, gerando culpa, estresse e ansiedade.

Segundo Renato Matos, os principais tipos de autossabotagem (consciente ou inconsciente) são:


Prestativo:

É aquele que gosta de agradar a todos, tem dificuldade em dizer não, amam quando as pessoas o elevam, mas utilizam essa forma para não evoluir.

Perfeccionista:

Gosta de entregar com detalhes, gosta de entregar com muita qualidade, mas quando passado do limite, se torna autossabotagem, fica mais no mundo das ideias, analisa e planeja, mas com pouca execução.

Realizador:

Realiza muito, está sempre buscando algo novo, comemora pouco as conquistas, está sempre com um pé no futuro, com a ansiedade elevada, espera sempre pelo próximo projeto ou objetivo.

Vigilante:

Fica preocupado com aquilo que ainda não aconteceu, gasta muita energia pensando nas consequências futuras e esquece de viver o aqui e agora.

Racional:

Tem o poder de racionalizar tudo, tem como premissa usar a lógica em tudo que faz e estar baseado em fatos e dados. Por esse motivo, tem muita dificuldade em decidir algo, pois as suas decisões precisam estar pautadas em algo concreto.

Controlador:

É aquele que precisa ter tudo sob seu domínio, se algo sai do controle, sente dor, culpa e às vezes um sentimento de raiva.

Inquieto:

É criativo, está sempre buscando algo novo, mas quando passa de um certo limite e não consegue mais criar, muda de empresa por exemplo com a justificativa de que estava cansado daquela rotina massante. 

Vítima:

A culpa é sempre dos outros, é sempre o injustiçado, o que possui uma história triste para contar. Neste perfil, a autorresponsabilidade precisa ser trabalhada de forma mais intensa, pois na maioria das vezes o indivíduo não reconhece que faz o papel de vítima, pois está embutido em seu comportamento, crenças e pensamento este modelo de ser.

Por último, o Crítico:

Critica a si mesmo, sente-se incapaz, não possui autoconfiança, acredita que qualquer realização é sempre mérito de alguém, nunca dele. (MATOS, 2021, p.103).  

É extremamente importante que prestemos atenção se em alguns momentos nos autossabotamos, façamos essa análise através da atenção plena ao que se está fazendo e principalmente, prestando atenção em nossos hábitos, comportamentos, decisões e desculpas que damos por não entregar algo no prazo ou simplesmente não ir a um compromisso, por exemplo. Que tipos de sabotagem estamos utilizando que tem nos atrapalhado em nosso processo de autorresponsabilidade?


A importância da autorresponsabilidade no cotidiano

Voltando à situação em que transferimos a responsabilidade de algo para outras pessoas, percebemos de imediato que não evoluímos e deixamos de desenvolver capacidades, habilidades e comportamentos extraordinários.

Em vez de refletir sobre as nossas ações, nós delegamos o problema a alguém. Dois exemplos práticos de transferência de culpa que temos é:

  • Eu teria feito essa atividade muito melhor e com mais eficiência se não tivesse que depender de outras pessoas;
  • Eu não me atrasaria tanto, se o trânsito da cidade fosse desta forma.

Agora, se transformarmos as frases acima com uma pitada de autorresponsabilidade, as frases terão bem mais valor:

  • Eu teria feito essa atividade com uma qualidade superior se tivesse me organizado e delegado melhor cada função às outras pessoas com quem trabalho.
  • Eu não me atrasaria tanto, se tivesse me organizado e saído de caso com antecedência. 

Existe aqui a diferença clara e transparente do poder que a  autorresponsabilidade nos traz. Ela te presenteia com aprendizagens, te torna dono dos resultados da sua vida e te prepara para situações novas que estão por vir. Aumentam sua resiliência e flexibilidade frente às adversidades. No mundo corporativo, a autorresponsabilidade aplicada se converte em um degrau de ascendência e evolução para as pessoas que ali estão. São atitudes e responsabilidades que a pessoa assume que denotam a capacidade de solucionar problemas, de inovar e realizar o serviço cada vez melhor. Do contrário, a pessoa está contaminando o ambiente com: conflitos e desavenças; menos produtividade e matando tempo; contribui com o mal-estar entre os colaboradores; tensão no local de trabalho; obstáculos na comunicação interna.

A dedicação e disciplina em se moldar dentro do escopo da autorresponsabilidade traz enormes benefícios, não somente para quem está praticando e adquirindo esta capacidade, mas também quem convive com a pessoa que deseja mudar, evoluir e ascender.  

Como desenvolver a autorresponsabilidade? 

As mudanças pretendidas acontecem com duas habilidades essenciais para a criação de um novo hábito e de um novo comportamento, paciência e constância. A jornada fortalece o objetivo, no caso da autorresponsabilidade, seja no cotidiano ou na rotina profissional, o caminho é contínuo, uma vez que a sua aplicação se converte em um aprendizado incessante.

Algumas dicas de autorresponsabilidade capaz de transformar e ajudá-lo (a) na construção da sua jornada:

  • Sempre avalie  as suas decisões, atitudes, pensamentos e comportamentos;
  • Identifique se está culpando alguém ou alguma situação por algo que não fez;
  • Crie e exercite essa autoconsciência para assumir as suas responsabilidades;
  • Busque novos hábitos. Adquira controle dos impulsos e sempre reflita sobre as suas decisões e resultados.
  • Fortaleça a disciplina, constância e paciência para lidar com o novo;
  • Foque nos resultados e aprenda com eles.

A pessoa que está aberta a ter esta consciência, consegue ter os ensinamentos muito melhor absorvidos e  aprende a ter uma vida mais leve e com mais sentido, porque quando assumimos nossos resultados, assumimos quem escreve nossa própria história. Assim, eu deixo seis lições da autorresponsabilidade, que  trazem boas reflexões em “O Poder da Ação”, de autoria de Paulo Vieira, professor e especialista em performance:

  1. Se for criticar as pessoas, cale-se;
  2. Se for reclamar das circunstâncias, dê sugestões;
  3. Se for buscar culpados, busque a solução;
  4. Se for para se fazer de vítima, faça-se de vencedor;
  5. Se for justificar os seus erros, aprenda com eles e
  6. Se for julgar alguém, julgue a ação desta pessoa.

Paulo Vieira traz um caso real: “Um professor universitário me relatou: “Meus resultados poderiam ser melhores se os alunos estivessem mais interessados. Não depende somente de mim... De que adianta eu explicar o conteúdo e pensar em um bom cronograma de atividades se eles não se interessam, não veem utilidade na minha disciplina, tampouco se esforçam? Se realmente eles mudassem e participassem mais dos exercícios em sala, as notas da turma toda melhoraram e, quem sabe, veriam que a matéria nem é tão difícil assim”. Após o Método CIS® e algumas sessões de coaching, o discurso e o comportamento dele tornaram-se completamente diferentes. Ele passou a dizer coisas como: “Percebi que eu estava relapso e omisso. Dava as aulas sempre do mesmo jeito há quase duas décadas e esperava que o resultado fosse diferente. Meus alunos, de fato, são muito bons (inclusive tenho bastante sorte, pois são curiosos e trazem coisas novas para que eu aprenda também). Eu que estava infeliz com a minha carreira e acabava descontando neles, com cara fechada, não recebendo suas contribuições com bons olhos e também sendo arrogante por achar que eu sabia bem mais do que eles. Em vez de culpá-los, eu deveria ter tido a coragem de ter me demitido há muito tempo em vez de estar prejudicando os alunos.” (VIEIRA, 2017, p.45)

Pessoas de sucesso possuem esta habilidade muito bem trabalhada, a autorresponsabilidade é um poder, é uma força que só depende de você, da sua consciência, pois é ela que nos faz ter a compreensão sobre tudo o que acontece em nossas vidas.

John Doerr, um investidor norte-americano e capitalista de risco da Kleiner Perkins, em Menlo Park, Califórnia, que tem negócios ligados ao Vale do Silício nos apresenta a seguinte frase: “Ideias são fáceis. Execução é tudo!”.

O que isso quer dizer, afinal?  Que não adianta ter bons objetivos se não há entrega efetiva. Para isso, é preciso atitude, é preciso organização, e, acima de tudo, é necessário ter autorresponsabilidade. É uma das mais procuradas soft skills que sustentam um profissional de alta performance e destaque.

“Eu errei mais de 9 mil arremessos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos. Em 26 oportunidades confiaram em mim para fazer o arremesso da vitória e eu errei. Eu falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E é por isso que tenho sucesso", frase de Michael Jordan, o maior jogador de basquete do mundo.

Por isso, falar de autorresponsabilidade é olhar os erros como possibilidades e não entrar na esfera do justificável. 

A J.K. Rowling, autora da mundialmente conhecida e bem-sucedida saga Harry Potter, teve seus manuscritos rejeitados por diversas editoras antes de ser publicada? Sabia também que Walt Disney perdeu empregos por alegada falta de criatividade antes de fundar a empresa de animação mais bem-sucedida da história?

Essas pessoas são exemplos de pessoas autorresponsáveis, pois ignoram os “nãos” que receberam. Não permitiram que as circunstâncias difíceis da vida lhes tirassem a vontade de alcançar seus objetivos e de realizar seus sonhos. Caíram muitas vezes, mas, ao invés de serem vítimas, foram autoras, e é isso que a autorresponsabilidade faz, te abre caminhos mais seguros, mais conscientes e promissores quando encontram - se no comando da vida. 

Para construir este caminho da mudança, é necessário que se permita rever seus conceitos e crenças, pois como um ser passível de transformação, o alcance do êxito no que se propõe, será real a partir do cultivo de pensamentos positivos, da consciência, de que as palavras modificam a realidade e principalmente, o agir assertivamente, com base nos novos pensamentos e nos novos comportamentos aprendidos. Caso não haja mudança de mentalidade, é provável que atitudes sabotadoras e crenças limitantes impeçam a mudança de acontecer. Quando a mudança acontece no pensamento, seu comportamento também se modifica, e este passa a ser a sua nova realidade. 

“A única coisa que pode tirar alguém da zona de conforto é a ação direcionada. Direcionada para as suas metas, seus objetivos e seus desejos. No entanto, veja bem: para tirá-lo da zona de conforto, não precisa ser a melhor ação mais acertada nem a mais eficaz. Qualquer ação direcionada sutilmente para seus objetivos já inicia o processo de mudança e libertação da zona de conforto” (VIEIRA, 2015, p.44). 

E aí, já parou para se questionar se você se considera autorresponsável? Quais traços da autorresponsabilidade você já possui? Quais são as culpas que você ainda terceiriza ao invés de assumi-las como sua responsabilidade? Já analisou as suas autossabotagens?

“Embora os mestres e os livros sejam auxiliares necessários, é do esforço próprio que resultam os mais complexos e brilhantes resultados. Garfield (por Jim Davis).”

Gostou deste conteúdo?

Vamos continuar a conversa lá no fórum da Casa do Desenvolvedor, te vejo por lá!

Desta forma, sobre tudo que lemos até aqui, inicie o seu processo de autorresponsabilidade, valerá muito a pena e lhe trará ótimos resultados não só no mundo corporativo, mas na vida. Apenas comece!

Tainah Bento
Tainah Bento
Analista de Educação Corporativa na TecnoSpeed, graduada em Psicologia há seis anos, com especialidade em Avaliação Psicológica e também em Liderança Estratégica de Pessoas, é uma entusiasta em bem-estar e em trazer um pouco do universo da Psicologia mais perto da rotina de outras pessoas!

2 Comments

  1. Domingos Pereira Alves disse:

    Às vezes somos agraciados com publicações extremamente úteis, práticas e objetivas, como essa. Parabéns à autora.

  2. Sophia disse:

    Bom dia excelente publicação. Qual a referência bibliográfica do Renato Matos? Obrigada e parabéns!

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