Product Manager: 4 Características Essenciais na Estratégia

As 4 características imprescindíveis na estratégia de um Product Manager para o seu Produto

Descrição da Imagem: Colaboradores engajados em uma reunião estratégica, debatendo gestão e estratégia de produtos com foco e comprometimento.

Aprenda as características essenciais para uma estratégia bem-sucedida de Product Manager e alcance o sucesso no gerenciamento de produtos.

Tempo de Leitura: 8 minutos

 

Uma das responsabilidades que o Product Manager pode ter em uma empresa de software é o de construir a estratégia para o produto que ele toma conta. Conforme já vimos nesse artigo, a área de Gestão de Produto é distribuída em toda uma hierarquia onde formalmente, o Gerente de Produto é responsável pela execução da estratégia e não pela criação dela. 

Mas, na prática, sabemos que o cargo de Gerente de Produto é muito amplo e possui diferentes atribuições de acordo com a estrutura da organização em que ele está inserido, podendo não apenas acumular funções, como também ter atribuições diferentes. Em todos os casos, é importante saber que quanto menor a organização, maior tende a ser o acúmulo de responsabilidades.

Isso significa que o Product Manager pode ser sim, o responsável por construir uma estratégia para o seu produto - responsabilidade que geralmente é atribuída ao Head de Produto, ao Product Director, ou Product Leader. 

E, ao construir uma estratégia de produto, sabemos que ela é sistêmica e multisetorial, ou seja, por mais que o termo produto nos remeta a tecnologia, isso vai muito além do seu roadmap, ou da arquitetura do produto.

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O que é uma Estratégia de Produto para um Product Manager?

Definição da Estratégia de Produto

Uma estratégia de produto é o desenho das diretrizes e caminhos pelos quais os setores envolvidos com um determinado produto ou portfólio terão que seguir para buscar alcançar crescimento de receita, ganho de mercado e lucratividade. Ou, quando o Gerente de Produto trabalha para um cliente interno, buscar a satisfação dele e o atingimento dos KPIs de negócio da organização.

Complexidade e Áreas Envolvidas

Como ela envolve várias áreas, ela é complexa e requer do Gerente de Produto conhecimento multidisciplinar e capacidades relacionadas principalmente a negócio e mercado. Essa estratégia geralmente impacta as principais áreas da empresa: Marketing, Vendas, Suporte Técnico, Implantação, Sucesso do Cliente e - não menos importante - a Tecnologia. 

Desdobramento em Planos

Dependendo da estrutura organizacional e dos processos da empresa, o Product Manager pode desdobrar a estratégia em um ou mais planos. Geralmente, a estratégia de produto se origina do desdobramento da estratégia da organização, e as áreas impactadas precisam considerar esse planejamento ao estruturar seus planos táticos.

É importante destacar que estamos falando de uma estratégia, que fica acima dos planos táticos. Por isso, ao mesmo tempo que ela deve ser um desdobramento ao produto, também precisa respeitar a autonomia e alinhamento com as áreas envolvidas. 

Por exemplo, uma estratégia de produto contém direções para a definição do roadmap, que ao mesmo tempo, é impactado pelas diretrizes que são definidas pelo CTO. Se o Gerente de Produto define que ele precisa de recursos do time de desenvolvimento para entregar uma feature, ele precisará dividir esse recurso com o CTO, que planeja utilizar o roadmap também para realizar uma atualização de banco de dados necessária para manutenção da solução.

É papel fundamental do Gerente de Produto saber trabalhar com os stakeholders envolvidos para gerenciar expectativas e alinhar o seu planejamento com os planos da organização.

O que deve ter uma Estratégia de Produto para um Product Manager?

Frentes estratégicas do produto

Como já foi dito anteriormente, uma estratégia de produto é multisetorial multidisciplinar. Ela impacta diversas áreas e geralmente, é composta pelas seguintes frentes:

Features

São as estratégias sobre as quais o Product Owner, ou o time de desenvolvimento irá trabalhar no desenvolvimento de features, que podem ser novas, ou investir na melhoria das já existentes (há também a possibilidade de descontinuar features que não fazem sentido para o produto)

Growth

São as estratégias para conquista e monetização de usuários, que passa pelo marketing e vendas, mas que tem relação direta com o produto e também com a forma como as features serão trabalhadas.

Expansão e PMF (Product Market Fit)

Trata-se aqui da forma como o Gerente de Produto irá atacar o seu mercado para expandi-lo, fugindo sempre da saturação de seu mercado e buscando novos nichos que pode atacar.

Escala

Se nos tópicos anteriores, falamos diretamente sobre como conquistar mercado, atrair e reter usuários, uma quantidade cada vez maior de pessoas usando o produto requer ganho de escala, produtividade e eficiência, por isso é fundamental trabalhar a escala de produto, processos e de usuários.

Impacto em diferentes áreas da empresa

Essas quatro áreas têm impactos variados em diversos departamentos da empresa. Na imagem abaixo, é possível visualizar esse impacto e como a estratégia se desdobra para cada departamento dentro de uma empresa.

Descrição da Imagem: Um fluxograma que mostra as 4 áreas que impactam vários departamentos da empresa: marketing e vendas, experiência e tecnologia.

Tendo consciência da abordagem e das áreas que são impactadas, é possível que um gerente de produto construa todo o direcionamento do seu time, mas ele ainda pode ser ruim, se não seguir algumas premissas básicas. 

E são essas premissas que criam as características imprescindíveis para o sucesso da estratégia de um Gerente de Produto. Sem elas, é bem possível que o resultado final, no médio e longo prazo, fique pelo meio do caminho.

Vamos falar sobre elas e quais os cuidados que o Gerente de Produto deve ter na hora de elaborar a sua estratégia de produto.

A última premissa é a mais importante.

Quais as características essenciais na estratégia de um Product Manager?

Foco

Para um Product Manager, a primeira característica é o foco. Foco na estratégia de produto é a capacidade que o gerente tem de fazer trade-offs na construção e abrir mão de potenciais resultados por aquilo que é mais prioritário, tem mais alinhamento com a estratégia da organização e possui maior potencial de retorno. 

Podemos fazer uma analogia e pensarmos que na gestão de produtos, nós sempre estamos nos cobrindo com um cobertor curto, que não é capaz de cobrir todo nosso corpo. Se puxarmos para cima, descobrimos os pés, se cobrirmos os pés, descobrimos os ombros.

Na gestão de produtos, estamos constantemente fazendo escolhas, então uma boa estratégia foca em pontos específicos e reduz a quantidade de pontos de impacto em cada ciclo de execução, focando naquilo que tem maior potencial naquele momento.

Para fazer isso, podemos olhar para cada área da estratégia pensando no resultado esperado, fazendo com que assim, tenhamos, por exemplo, as áreas de Growth e Features olhando para um mesmo objetivo.

Isso não significa que aquele ponto que se está abrindo mão será desconsiderado para sempre, pois a estratégia roda em ciclos que são constantemente renovados e podem ser revisados.

A palavra trade-off não possui uma tradução clara para o português. Consiste na escolha do que não fazer, do que estamos tirando de prioridade para focar em outras coisas. Fazer um trade-off significa dizer “eu não vou focar nisso, porque eu tenho essa outra coisa que é mais importante no momento”.

Horizonte

O horizonte permite que a estratégia seja desdobrada em planos, com suas respectivas limitações e fraquezas a serem atacadas pelas áreas. Uma boa estratégia gera planos de ação bem definidos e consegue deixar claro para todos os envolvidos o horizonte a ser perseguido. 

Em seguida, é fundamental conquistar bons desdobramentos dos planos. Isso requer um horizonte claro, com as suas limitações, fraquezas e necessidades bem discorridas para encontrar lacunas de desenvolvimento e as possíveis restrições.

Com isso, as áreas envolvidas podem desdobrar a estratégia e construir planos de ação, que sejam endereçados aos responsáveis por cada resultado esperado para conquistar a estratégia.

Quanto maior a clareza dos passos e do futuro que se almeja para o produto, melhor será para o alinhamento, comunicação e motivação do time, onde pequenos passos deixam claro para os times o avanço e as conquistas.

Comunicação

A comunicação é fundamental para qualquer estratégia, não seria diferente na área de produto. Ela é medida pela fluência das áreas e times do estratégico ao operacional sobre falar da estratégia do produto. 

Uma estratégia de produto com comunicação fraca é percebida quando apenas os diretores e gerentes sabem falar e conversar sobre ela. Já uma estratégia com comunicação excelente consegue desdobrar a fluência para todas as áreas e hierarquias, onde todas as pessoas do time sabem falar e comunicar a estratégia do produto.

Isso significa que parte do trabalho do Gerente de Produto é criar formas de comunicar bem a estratégia, através de artefatos, processos, cerimônias e, principalmente, através da construção da cultura dos times em que trabalha junto.

Composição

O grande segredo de uma boa estratégia, especialmente para um Product Manager, é a premissa mais importante dentre as citadas anteriormente: o potencial de composição da estratégia elaborada. Uma boa estratégia de produto é capaz de gerar resultados individuais que são complementares, mas que juntos têm potencial de escalar conforme eles vão sendo alcançados.

Complementar ao foco, onde nós fazemos trade-offs para escolher resultados específicos que a nossa estratégia pode trazer ao produto, a composição da estratégia fala como essas escolhas se complementam e potencializam umas às outras para gerar efeito de escala na estratégia. Ou seja, a composição é o que dá a escalabilidade nos resultados do plano elaborado, podendo ir além daquele resultado esperado de cada ação.

As ações que desdobram a estratégia elaborada pelo Gerente de Produto gerar um efeito exponencial, onde a soma dos resultados das ações seja um multiplicador. Isso significa que cada passo dado a um resultado deve de alguma forma potencializar o passo seguinte, ou os passos complementares.

Trazendo para o contexto dos resultados, se falamos de uma plataforma onde há vários serviços, um único cliente conquistado possui um efeito de LTV muito maior do que uma empresa que possui apenas um único serviço. É como pensar na estratégia de um shopping center, que vai compondo o seu mix de lojas de forma que ele possa fazer você chegar ao ponto de passar o dia inteiro dentro dele - e por consequência, gastar mais lá dentro. Na medida que a composição de lojas vai ganhando um mix alinhado com o público alvo, um cliente que entra no shopping não tem somente o potencial de comprar em uma loja, mas de tomar sorvete, almoçar, alugar um brinquedo para o filho e assim por diante - e quando o shopping alcançar esse nível, uma ação para atrair novos usuários terá um efeito muito maior sobre a sua rede de lojas.

Pode ficar um pouco complexo para entender num contexto de software, por isso podemos exemplificar: imagine uma fintech que deseja lançar um serviço de meios de pagamento. Como uma boa estratégia de startups, ela não precisa necessariamente dar início com todos os produtos. Então, ela inicia apenas lançando um serviço de Links de Pagamento, em seguida, ela vai lançando novos serviços de pagamentos, como o Boleto, depois o Pix. Esses serviços podem trabalhar separadamente, mas também de maneira conjunta, então o cliente que usa Pix, também pode usar Boleto, que também pode usar Cartão e assim por diante. Posteriormente, esses serviços podem ser lançados como um Gateway de Pagamento. Desta forma, cada carteira de cliente se complementa com o produto da próxima e nesse caso, vai se gerando um efeito de ecossistema (onde um conglomerado de serviços cria uma plataforma).

Conclusão

A elaboração de uma estratégia de produto eficaz representa um dos pilares fundamentais para o sucesso de empresas de software, sobretudo no papel crucial que o Gerente de Produto desempenha neste processo. Apesar de formalmente a criação da estratégia ser uma atribuição de cargos superiores como o Head de Produto, na prática, a amplitude e a natureza multifacetada do papel de um Product Manager exigem que este profissional tenha uma participação ativa na formulação da estratégia do produto. Este envolvimento se torna ainda mais crítico em organizações menores, onde a acumulação de responsabilidades é uma realidade e a capacidade de influenciar diretamente a estratégia do produto se faz mais presente.

A estratégia de produto vai além do desenvolvimento tecnológico, abarcando uma visão sistêmica e integrada que considera o alinhamento entre diversas áreas da empresa — desde Marketing e Vendas até Suporte Técnico e Tecnologia. Tal estratégia não se limita apenas a definir o roadmap do produto, mas engloba uma compreensão profunda do mercado, do comportamento do consumidor, e de como o produto pode se diferenciar e capturar valor neste contexto dinâmico.

As quatro características essenciais para o sucesso de uma estratégia de produto — foco, horizonte, comunicação e composição — servem como pilares que sustentam não apenas a formulação, mas também a execução eficaz de planos estratégicos. O foco permite ao Gerente de Produto fazer escolhas deliberadas, priorizando iniciativas que alinham-se mais estreitamente com os objetivos estratégicos da organização. O horizonte de planejamento facilita a tradução da estratégia em ações concretas, identificando oportunidades e desafios que podem impactar a trajetória do produto. A comunicação eficiente assegura que todos os envolvidos, de diferentes níveis hierárquicos e áreas funcionais, estejam alinhados e compreendam seu papel na estratégia do produto. Por fim, a composição da estratégia permite que as ações individuais não apenas contribuem de forma isolada para o sucesso do produto, mas também se potencializam mutuamente, criando um efeito cumulativo que acelera o crescimento e a expansão do produto no mercado.

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Renan Freitas
Renan Freitas
Atuando na área de tecnologia desde 2013. Hoje trabalho na TecnoSpeed como Gerente de Operação do PlugBank e Plugdash.

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