Descubra a origem e detalhes do conceito de governança corporativa, sua importância, estrutura e princípios, e como implementá-la na sua empresa!
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No mundo dinâmico e competitivo da TI, a eficiência operacional e a sustentabilidade dos negócios são essenciais para o sucesso das software houses. Nesse contexto, a governança corporativa surge como uma solução e um pilar fundamental.
É muito provável que você tenha ouvido falar em governança nos últimos tempos. Afinal, esse conceito está em alta no cenário corporativo, com os de compliance e ESG. Mas, você sabe do que se trata e o que exatamente ele pode fazer pela sua empresa?
Pois é justamente essas dúvidas que iremos responder neste texto. Confira, a seguir, o que é governança corporativa, sua importância, objetivos, estrutura e princípios, além de como implementá-la em sua organização.
O conceito de governança e governança corporativa
O termo "governança" deriva do verbo "governar" e está ligado ao ato de exercer autoridade, direção ou controle sobre algo. No meio empresarial, a governança se refere à forma como uma empresa é administrada, dirigida e monitorada.
Ou seja, é o conjunto de políticas, processos e estruturas que estabelecem as regras e diretrizes para o funcionamento e gestão de uma organização. A governança define como as decisões são tomadas, de que forma os recursos são geridos e as estratégias para a geração de resultados e o crescimento sustentável do negócio.
Além disso, essa estrutura e organização é importante para manter os interesses e a confiança dos stakeholders. Clientes, gestores, colaboradores, fornecedores, parceiros, investidores e acionistas, por exemplo.
Como surgiu este conceito?
O conceito de governança corporativa tem sua origem na década de 1930, nos Estados Unidos. Na época, a estrutura de propriedade tornou-se mais dispersa, com ações sendo negociadas na bolsa de valores.
Desse modo, definir e adotar uma série de medidas para reforçar os mecanismos de controle e proteger os interesses da empresa, dos acionistas e demais stakeholders foi a solução encontrada. A este conjunto de práticas deu-se o nome de governança corporativa.
Entretanto, o conceito só ganhou relevância global e se tornou concreto, com códigos, teorias e marcos regulatórios, nos anos 1990.
Essa expansão foi impulsionada por escândalos contábeis e crises financeiras envolvendo grandes empresas, como o caso Enron. E, também, pelas iniciativas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No Brasil, esse movimento ainda foi incentivado pelas privatizações e a abertura do mercado nacional na década de 90. Em 1995, ocorreu a criação do Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração (IBCA), que depois foi intitulado Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em 1999.
Governança x Compliance Corporativa
Embora estejam relacionados, governança corporativa e compliance não são a mesma coisa. Quando falamos em compliance, nos referimos ao cumprimento de leis e normas estabelecidas pelos órgãos reguladores e autoridades, e aplicáveis a uma empresa.
Nesse sentido, o compliance abrange áreas como a conformidade legal, regulatória, fiscal, trabalhista, ambiental e de segurança da informação. E é uma demanda dentro dos negócios pensando em manter a transparência e uma atuação ética e regular.
Já a governança corporativa é mais ampla e envolve as políticas e estratégias internas da organização que visam seu sucesso e bom funcionamento. Por isso, pode-se dizer que compliance é uma das partes que compõem a governança.
Objetivo da governança corporativa
O principal objetivo da governança corporativa é a criação de valor de longo prazo para a empresa, seus acionistas e demais stakeholders. Portanto, a governança existe para garantir e potencializar o sucesso e crescimento sustentável de uma organização.
A importância da governança corporativa
Boas práticas de governança corporativa podem beneficiar imensamente a sua software house, ou qualquer outra empresa que decida investir nisso. E por isso esse conceito é tão importante e relevante.
A governança fortalece a confiança de investidores, clientes, colaboradores e demais parceiros, estabelecendo um ambiente favorável para o crescimento. Ao implementar práticas de controle e organização internas, a governança também ajuda a identificar e reduzir riscos de fraudes e irregularidades.
Além disso, a estrutura de governança aumenta a eficiência da gestão e potencializa a capacidade da empresa de atrair e reter talentos, captar recursos financeiros e obter resultados expressivos e constantes.
Estrutura de uma governança corporativa
A estrutura de governança corporativa varia de empresa para empresa, mas geralmente inclui os seguintes grupos:
- Diretoria Executiva – Profissionais encarregados da gestão operacional da empresa e implementação das estratégias definidas pelo conselho administrativo.
- Conselho Administrativo – Responsáveis pelas decisões estratégicas e por fiscalizar a alta administração e representar os interesses dos acionistas.
- Comitês de assessoramento – Grupos e/ou pessoas que auxiliam o conselho administrativo em áreas específicas, como finanças, auditoria e recursos humanos.
- Auditoria interna e externa – Equipe responsável por avaliar e garantir a eficácia dos controles internos, bem como identificar riscos e manter a conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis.
Os princípios da governança corporativa
Os princípios básicos de governança corporativa resumem e se relacionam com todas as práticas do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC. São eles:
Equidade
Este princípio determina a adoção de um tratamento justo e igualitário de todos os acionistas e demais stakeholders. Para isso, devem ser levados em conta seus direitos, deveres, necessidades, desejos e interesses.
Transparência
O princípio da transparência está ligado à ideia de manter as partes bem informadas, disponibilizando todo e qualquer dado que forem de seu interesse. Ou seja, sem se restringir àqueles impostos por leis e regulamentos ou relacionados ao desempenho econômico-financeiro da organização.
Uma governança corporativa eficiente depende de boas decisões que, por sua vez, dependem de uma comunicação transparente, confiável e assertiva.
Prestação de Contas
O famoso accountability. Este princípio está ligado aos demais, pois prevê que a alta administração preste contas de sua atuação com clareza, integridade e responsabilidade. E mais: assumam as consequências de seus atos e omissões. Isso para evitar a quebra de confiança e manter a eficiência da gestão.
Responsabilidade corporativa
Por fim, a responsabilidade corporativa está relacionada à adoção de práticas empresariais sustentáveis para manutenção da operação da organização e seus capitais financeiro, intelectual, humano e outros. Tudo isso considerando os aspectos particulares do negócio e também ambientais, sociais e de governança.
Segundo o IBGC, ao aplicar estes princípios é possível estabelecer um clima de confiança tanto internamente quanto nas relações com terceiros
Como implantar a governança corporativa?
Como você deve ter notado, governança corporativa tem tudo a ver com organização e estrutura. Por isso, implementar esse conceito e prática exige um processo estruturado que inclui os seguintes passos:
- Avaliar a situação atual – O primeiro passo é entender a cultura organizacional e as demandas específicas de governança para a sua empresa.
- Definir políticas e diretrizes – Depois do mapeamento e estruturação anteriores (e baseado neles), deve-se estabelecer políticas claras que orientem as práticas de governança e os comportamentos esperados.
- Estabelecer e fortalecer a estrutura de governança – Crie uma estrutura organizacional com foco em governança e seus princípios, determine as equipes de implementação e gestão desse processo, e garanta a formação de um conselho administrativo qualificado, competente e diversificado.
- Implementar controles internos – Desenvolva e adote mecanismos de controle eficientes (regulamentos, métricas e processos de monitoramento, por exemplo) para garantir o compliance, a mitigação de riscos, bem como transparência e assertividade na tomada de decisões.
- Comunicar e engajar – Por fim, é necessário cultivar boas práticas de comunicação para manter os stakeholders sempre envolvidos, bem informados, confortáveis e satisfeitos.
Com esses passos e dicas, a estruturação da governança corporativa na sua software house será mais fácil e eficiente.
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