A eficiência e a segurança das APIs podem ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso de um projeto de software. Veja dicas para realizar testes de API!
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O mercado global de testes de API deve crescer e atingir um valor estimado de 1.8 bilhões de dólares até 2026, segundo o relatório "API Testing - Global Market Trajectory & Analytics" da Global Industry Analysts Inc. Mas você está por dentro do crescimento desse segmento, desenvolvedor? Ou melhor: conhece este conceito e sabe como aplicá-lo nos seus projetos?
Este artigo é um guia completo sobre o que são os testes de API, sua importância e benefícios, os tipos de testes existentes e quais as melhores ferramentas disponíveis e melhores práticas para realizá-los. Então, se você deseja dominar este assunto e transformar a qualidade do seu produto, é só acompanhar a leitura até o final!
Introdução aos testes de API
O conceito é muito simples: os testes de API são o processo de verificar se essas aplicações estão funcionando como o esperado, em termos de funcionalidade e desempenho, escalabilidade e segurança.
Para isso, eles envolvem a validação de endpoints e a conferência de que eles estão retornando os dados corretos, dentro dos tempos de resposta esperados, e tratando adequadamente os erros. É indicado simular diferentes jornadas do usuário (típicas e inesperadas) e testar as cargas do servidor para garantir que a API possa funcionar e lidar com todas as demandas “do mundo real”.
Benefícios dos testes de API para desenvolvedores e empresas
Os testes de API são importantes para detectar problemas nas camadas de comunicação do software antes que eles afetem os usuários finais. Além disso, são um processo fundamental para assegurar a qualidade e a confiabilidade das aplicações modernas.
A execução de testes de API durante as fases iniciais do desenvolvimento permite a identificação e correção de erros antes que o código avance para estágios mais avançados do ciclo de desenvolvimento. O que é sinônimo de facilidade e eficiência na solução desses erros para o desenvolvedor e menos custos para as empresas.
O processo de testagem das aplicações também pode ser extremamente útil para identificar vulnerabilidades e validar as medidas de segurança implementadas. O que impacta diretamente na experiência e satisfação do usuário final, e ajuda a fortalecer a reputação da empresa no mercado.
Além disso, os testes de API ajudam a identificar como elas se comportam sob diferentes cargas de trabalho, identificando possíveis gargalos e áreas que necessitam de otimização. Em outras palavras: testar é um caminho para a otimização do desempenho; para uma aplicação mais responsiva e uma maior eficiência operacional.
Tipos de testes de API
Para garantir uma cobertura completa e eficiente, os testes de API são categorizados em diferentes tipos, cada um focado em aspectos específicos da funcionalidade e desempenho da API. Conheça cada um deles e suas diferenças a seguir:
Testes de funcionalidade
Os testes de funcionalidade verificam se a API está operando conforme as especificações e se os endpoints estão retornando os resultados corretos. Estes testes costumam envolver verificações de entrada e saída sob diferentes condições, e considerar a exatidão de parâmetros, a categorização de solicitações válidas e inválidas, e as mensagens de erro enviadas.
Podem ser aplicados a partir de abordagens distintas, desde o teste de um único componente da API (teste de unidade) até um teste da aplicação como um todo (teste de sistema) ou, ainda, um focado em testar condições inesperadas e/ou valores de entrada inválidos ou ausentes (teste de tratamento de erros).
Testes de performance
Os testes de performance avaliam a capacidade da API de lidar com uma carga de trabalho esperada e seu comportamento sob condições de estresse. Eles medem tempos de resposta, throughput e escalabilidade, e são feitos com o objetivo de garantir que a API mantenha um desempenho aceitável mesmo sob alta demanda.
Para isso, os testes de performance podem envolver testes de tempo de resposta, testes de carga (usuários ou solicitações simultâneas), testes de resistência (desempenho ao longo de várias horas ou dias), testes de pico (aumento repentino de carga de trabalho) e testes de estresse (aumento gradual da carga para identificar a capacidade máxima).
Testes de segurança
A segurança é uma preocupação crítica em qualquer sistema conectado. Os testes de segurança verificam a proteção contra ameaças externas e ataques cibernéticos, garantindo que a API possua mecanismos de defesa robustos para proteger os dados e a integridade do sistema.
Dentro disso, existem alguns modelos de testes que costumam ser aplicados: teste de autenticidade (foco nos mecanismos de autenticação da API), teste de autorização (foco nos mecanismos de autorização de usuários) e teste de penetração (simulação de ataques cibernéticos para encontrar vulnerabilidades que podem ser exploradas por um possível invasor).
Testes de integração
Os testes de integração avaliam como a API interage com outros sistemas e serviços. Eles verificam se a integração entre diferentes componentes do software está funcionando como esperado, garantindo uma comunicação sem falhas entre as partes.
Ferramentas essenciais para testes de API
Como você já deve estar imaginando, rodar testes de API reserva desafios e demanda esforço e tempo. No entanto, você não precisa escrever seus testes em código manualmente. Existem ferramentas disponíveis para te ajudar a estruturar e realizar testes de API de maneira mais fácil e eficaz. Conheça três essenciais para conhecer e explorar:
Postman
O Postman surgiu como um plugin do Chrome, mas agora também está disponível para Windows e Mac em versão nativa. Ele é uma ferramenta interessante para quem deseja não ter que lidar com códigos integrados, oferece uma interface amigável, suporte a múltiplos formatos de dados (JSON, XML, etc.) e uma integração simples.
Conta com diferentes recursos de testes de API, incluindo automações, e a possibilidade de criar coleções de testes reutilizáveis. Também garante alta segurança e confiabilidade para transmissão e recebimento de dados REST. Há um plano inicial gratuito e outros avançados pagos por usuário e mês.
Exemplo de uso: Com Postman, é possível criar um conjunto de testes para verificar a funcionalidade de um endpoint específico. Por exemplo, um teste pode enviar uma requisição GET para um endpoint e verificar se a resposta inclui um código de status 200 OK e um corpo de resposta contendo os dados esperados.
SoapUI
SoapUI é uma ferramenta bastante popular para testes de API, conhecida especialmente por seu suporte a serviços web baseados em SOAP e REST. Ela permite criar e executar testes orientados a dados automatizados de forma fácil e rápida. Também oferece recursos avançados para testes de carga e segurança, e suporte para testes assíncronos ou com cenários complexos.
Outros destaques são sua funcionalidade de customização rápida de código; carregamento de dados de ficheiros, bancos de dados ou Excel; e reutilização de scripts para testes funcionais específicos. Assim como o Postman, está disponível em um plano básico gratuito e outros mais completos pagos anualmente.
Exemplos de uso: Um exemplo de uso do SoapUI seria criar um teste de segurança para uma API RESTful, verificando vulnerabilidades comuns como SQL injection. O desenvolvedor pode configurar o SoapUI para enviar requisições maliciosas e observar como a API responde, garantindo que ela possui as devidas proteções contra tais ataques.
JMeter
JMeter é uma ferramenta open-source usada principalmente para testes de performance (com recursos estáticos e dinâmicos) e de carga. Ela permite simular múltiplos usuários enviando requisições simultaneamente para a API, medindo tempos de resposta e identificando gargalos de desempenho.
Além disso, suporta uma ampla gama de protocolos, incluindo HTTP, HTTPS, e FTP; trabalha com arquivos CSV de forma automática, o que possibilita a criação de parâmetros; permite incluir os testes de API em uma pipeline de integração contínua e também a repetição dos resultados para uma análise e validação completas.
Exemplos de uso: Um exemplo de uso do JMeter seria configurar um teste de carga onde centenas de usuários simulados enviam requisições a um endpoint da API ao mesmo tempo. Isso ajuda a identificar como a API se comporta sob alta demanda e se há necessidade de otimizações para melhorar o desempenho.
Melhores práticas para testes de API
Melhores práticas para testes de API
Para maximizar a eficácia dos testes de API, é possível adotar algumas práticas que ajudam a estruturar e automatizar esse processo, tais como:
Planejamento e estratégia de testes
Um planejamento cuidadoso é essencial para testes de API bem sucedidos. E isso significa definir objetivos claros para os testes, listar os endpoints a serem testados e determinar os tipos de testes necessários. Isso vai permitir que todos os aspectos críticos da API sejam verificados.
Automação dos testes de API
Automatizar os testes de API pode trazer uma economia expressiva de tempo e recursos, possibilitando executar testes mais frequentes e consistentes. As ferramentas que citamos acima oferecem funcionalidades de automação e são ótimas opções para uma testagem eficiente da API e para garantir que novas mudanças no código não gerem bugs.
Integração contínua e testes de API
Integrar os testes de API no pipeline de integração contínua (CI) ajuda a detectar problemas rapidamente, antes que o código seja implantado em produção. Na prática, é possível ter uma entrega contínua de software de alta qualidade, com menos riscos de falhas e prejuízos.
Qualidade de software e testes de API
Como já falamos, os testes de API desempenham um papel fundamental na garantia da qualidade do software. Ao validar a funcionalidade, performance, segurança e integração de APIs, é possível assegurar que elas operem de maneira eficaz e segura.
Na prática, isso significa um índice menor de falhas, maior estabilidade e uma melhor experiência para o usuário final. E as consequências dessa otimização na qualidade são um maior alcance, taxa de conversão, satisfação e fidelidade.
Exemplo e case de sucesso: PayPal
A partir dos recursos robustos de testes do Postman, a PayPal conseguiu implementar uma abordagem API-first e reduzir seu Time To First Call (tempo para se inscrever e fazer uma chamada de API) para 1 minuto. Isso é sinônimo de eficiência e de uma integração e usabilidade sem atritos para os desenvolvedores e usuários da plataforma.
Aplicando testes de ponta a ponta, de integração, monitoramento e solução de problemas, os engenheiros do PayPal puderam desenvolver, validar e aprimorar suas APIs privadas, públicas e de parceiros.
Além disso, a PayPal adotou um fluxo de testes e atualizações automatizado, e teve como retorno o aumento exponencial da popularidade das suas APIs — estão entre as 10 APIs mais solicitadas em termos de popularidade e qualidade da plataforma pública do Postman.
Maior flexibilidade, produtividade e escalabilidade também são resultados apontados pela PayPal dessa abordagem orientada a testes. E tudo isso corrobora com o posicionamento da PayPal como líder do segmento de transações no comércio on-line, com mais de 430 milhões de contas ativas globalmente e bilhões de dólares intermediados por suas APIs.
Conclusão
Os testes de API são uma parte essencial do desenvolvimento de software moderno, garantindo que elas funcionem corretamente, de forma segura e eficiente.
Vale a pena utilizar ferramentas como Postman, SoapUI e JMeter, e seguir algumas boas práticas para facilitar o processo de testes. Desse modo, você poderá assegurar a qualidade e confiabilidade de suas APIs sem comprometer a produtividade do seu time de desenvolvimento.
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