Aprenda as melhores práticas de visualização de dados para apresentar indicadores e KPIs de forma clara e eficaz, utilizando gráficos e tabelas.
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Ao longo deste artigo, falarei um pouco sobre a visualização de dados, conceitos e cenários de indicadores e gráficos de casos fictícios. Atualmente, boa parte das empresas utilizam painéis e gráficos para o acompanhamento de performance e metas, seja por setores, departamentos ou indicadores absolutos que condizem com a realidade da empresa como um todo.
Apesar disso, criar visualizações de dados que representem os indicadores de forma precisa e utilizar esses resultados para atingir metas e objetivos corporativos, adotando uma abordagem orientada por dados, ainda é um desafio para a maioria das empresas.
Para ter familiaridade com os conceitos abordados neste artigo, apresentarei alguns nomes-chave, para então apresentar os casos fictícios de visualização de dados e também formatos visuais interessantes e simples para serem utilizados no dia a dia. Quando não há familiaridade com o tema de visualização de dados, muitos confundem o que é índice com indicador e o que é painel com gráfico. Assim, explicarei em seguida alguns desses nomes-chave em sequência.
Conceitos Fundamentais
Medidas e Métricas
Medidas são grandezas mensuráveis como comprimento, volume, minutos, horas. Já as métricas são medidas brutas como número de atendimentos, número de emissões, tempo médio de atendimento, tempo médio de resposta, ticket médio.
Indicadores
Indicador é composto por um conjunto de métricas específicas, que medem o alcance de um objetivo, avaliando o desempenho e progresso seja organizacional, operacional, estratégico, individual ou por setores de uma empresa. Exemplos incluem: indicador de Churn, IDH, NPS, taxa de retenção de clientes, ROI (retorno sobre investimento), CSAT (classificação do cliente).
Índices
O Índice é formado por valores complexos, como por exemplo a soma de muitos indicadores em um valor apenas. Normalmente utilizados para apresentar uma variável ao longo do tempo, como Índice de Preços ao Consumidor, Índice de Reajuste do Combustível, Índice de inadimplência, Índice de retenção de clientes, Índice de satisfação de um determinado produto.
KPIs (Key Performance Indicators)
KPIs são os indicadores-chave. Os Indicadores mais relevantes de uma empresa ou setor, sendo monitorados mensalmente, semanalmente ou diariamente pelo gestor responsável. O número de KPIs de monitoramento deve ser reduzido para facilitar seu acompanhamento e foco, contendo no máximo 7 indicadores-chave.
OKRs (Objectives and Key Results)
OKRs são objetivos claros que uma empresa pode mensurar para alcançar resultados chave. Os KPIs muitas vezes estão relacionados com os OKRs. Por exemplo, uma empresa pode ter um OKR de melhorar seu relacionamento com seus clientes, resultando em maior satisfação e menor cancelamento de determinado serviço. Assim, essa empresa pode utilizar a avaliação NPS (net promoter score) como um KPI.
Gráficos
Gráficos são uma representação visual que podem ser de vários formatos, como linhas, barras, setores, cascata, mapa, etc. Normalmente, apresentam um indicador, informação ou dados e fazem parte de um painel de visualização de dados.
Dashboards
O dashboard é um painel onde contém um conjunto visual de gráficos que fornecem os indicadores de monitoramento de um setor ou de uma empresa, permitindo um maior monitoramento paralelo para análise temporal e de comportamento dos números avaliados. Ele fornece uma perspectiva geral para tomada de decisões, explicando de forma simplificada, sendo um quadro contendo todos os indicadores de monitoramento necessários para uma análise específica representados por gráficos de visualização de dados.
Tendo os termos acima em mente, antes de criar um indicador é preciso considerar alguns aspectos como: qual problema precisa ser resolvido ou prevenido? Qual é o objetivo? Onde coletar os dados e como mensurá-los? Qual será o tempo de coleta e análise desses dados: mensal, trimestral, semestral? E o mais importante, indicadores precisam gerar uma ação corretiva e de melhoria. Caso os valores do indicador subam e desçam bruscamente e não haja nenhuma ação em resposta, talvez seja hora de repensar a funcionalidade deste.
Mas sem mais delongas, o assunto principal é a visualização de dados e como esta pode ser aliada dos KPIs e indicadores.
Tipos de Visualização de Dados
Para entender um pouco melhor sobre visualização de dados, abaixo apresento alguns exemplos dos gráficos mais comuns utilizados para criar indicadores. Existem vários tipos de gráficos, como mapas, gráficos de dispersão, radar, árvore de decomposição, cascata, entre outros, que dependem da ferramenta de visualização utilizada para estarem disponíveis para criação. Um exemplo é o gráfico de nuvem de palavras, disponível na ferramenta Tableau.
Muitas vezes, o analista de visualização quer utilizar um gráfico rebuscado e diferente, mas é preciso ter cuidado. A escolha da visualização deve sempre depender do público-alvo, objetivo e contexto da mensagem a ser transmitida. Portanto, na maioria das vezes, a escolha de um gráfico simples é a mais ideal.
Texto Simples ou Chamado de Cartão
Quando temos apenas um número direto de quantidade ou valor que seja algo importante a ser destacado, é interessante plotar essa informação diretamente sem o uso de um gráfico específico. Em termos de visualização de dados, é preferível colocar essa informação no primeiro quadrante da percepção, que seria o canto superior esquerdo do painel. Isso garante que a informação seja imediatamente visível e compreensível para o usuário.
Por exemplo, o número de novos clientes e clientes que cancelaram, em um painel de carteira de clientes, pode ser destacado de forma simples e direta. Esse tipo de visualização de dados é útil quando se deseja transmitir uma mensagem clara e imediata, sem a necessidade de interpretações complexas.
Outro exemplo de uso do texto simples ou cartão é destacar o valor total das vendas em um período específico ou o índice de satisfação do cliente em uma pesquisa recente. Colocar essas informações em um local de destaque ajuda a garantir que os dados mais importantes sejam notados primeiro, facilitando a tomada de decisões rápidas e informadas.
Além disso, esse tipo de visualização de dados é excelente para dashboards executivos, onde o tempo é crítico e as informações precisam ser absorvidas rapidamente. A simplicidade e a clareza são as chaves para garantir que os dados transmitam seu valor de forma eficaz.
Gráfico de Barras
Um dos gráficos mais simples para mostrar uma informação é o gráfico de barras. Ele é um grande aliado na visualização de dados por ser comum e de fácil entendimento, permitindo que o usuário tenha um rápido insight da informação apresentada.
Lembrando que é sempre importante passar a mensagem do gráfico para seu público-alvo. Muitas vezes, o gráfico de barras pode parecer simples e sem graça, mas na verdade, ele é extremamente eficaz. No exemplo abaixo, são apresentadas as quantidades de bolsas do ProUni ao longo dos anos, divididas entre as categorias EAD e presencial. Observa-se que as quantidades de bolsas presenciais são maiores, porém houve um crescimento significativo na quantidade de bolsas EAD, de 20 mil para 67 mil, ao longo do período.
Neste exemplo, temos duas séries (a modalidade da bolsa). Se tivéssemos mais de quatro séries, a visualização do gráfico poderia começar a ficar muito sobrecarregada e poluída, dificultando a rapidez na compreensão dos dados. A simplicidade do gráfico de barras torna-o uma ferramenta poderosa na visualização de dados, garantindo que as informações sejam transmitidas de maneira clara e eficaz.
Gráfico de Barras Horizontais
Quando há a necessidade de verificar quantidades por categoria, mas o nome da categoria é extenso e não pode ser alterado, o gráfico de barras horizontais é ideal para a visualização de dados. Este formato permite que os nomes longos das categorias permaneçam no formato original sem comprometer o entendimento da apresentação visual.
Por exemplo, se os nomes das categorias são tão longos que ao serem apresentados verticalmente comprometem a clareza da informação, o gráfico de barras horizontais oferece uma solução eficaz. Ele organiza os dados de forma que os nomes longos fiquem legíveis e compreensíveis, mantendo a integridade da apresentação.
A visualização de dados com gráficos de barras horizontais garante que informações importantes não sejam perdidas devido a limitações de espaço ou formatação, proporcionando uma visualização clara e acessível para o público-alvo.
Gráfico de Barras Empilhadas Horizontalmente
No exemplo fictício acima, é apresentada uma análise das habilidades dos membros da equipe por nível de expertise. O nível 0 representa um colaborador sem conhecimento algum da habilidade em questão. O nível 1 indica que o colaborador sabe o que é a habilidade, mas nunca a utilizou. O nível 2 corresponde a um colaborador que já faz uso da habilidade, mas ainda está em um nível inicial e necessita de acompanhamento e horas de capacitação. No nível 3, o colaborador domina a habilidade no dia a dia e pode auxiliar os níveis abaixo. Já o nível 4 representa um colaborador que domina a habilidade, possui certificação e pode administrar o conteúdo a respeito.
Na representação das cores, a cor azul destaca as categorias com maior senioridade, enquanto a cor vermelha indica uma possível transição que precisa de maior atenção. Nesse contexto, a visualização de dados permite entender a distribuição de habilidades em um setor e tomar decisões baseadas em melhorar o progresso dos colaboradores no nível 2, realizar o planejamento da equipe, criar um cronograma das atividades distribuindo os expertises de maneira equilibrada entre os níveis 4, 3 e 2, e planejar treinamentos e acompanhamentos individuais conforme as demandas.
Tabelas
As formas visuais de tabela são utilizadas quando é preciso apresentar dados de unidades de medida diferentes ou quando é necessário validar dados brutos. Elas são extremamente úteis para auxiliar na construção de um painel de visualização de dados.
Por exemplo, no caso abaixo, existe um gráfico de vendas por produto e cidades. Ao clicar no botão "dados brutos", é possível ver esses dados em formato de tabela, atendendo a um público mais acostumado com esse tipo de visualização e também para fins de validação enquanto o painel não está totalmente pronto e validado. Ao clicar no botão "voltar ao gráfico", retorna-se à análise do ponto de vista do gráfico.
A utilização de tabelas na visualização de dados é essencial quando se lida com diferentes unidades de medida ou quando é necessário garantir a precisão e a integridade dos dados apresentados. Elas oferecem uma forma clara e estruturada de visualizar informações detalhadas, complementando os gráficos e painéis visuais.
No exemplo em questão, utilizei o Power BI e o recurso de bookmark para criar o efeito de clicar no botão. Esse recurso permite navegação entre páginas e captura do estado da página, o que é bem interessante para criar efeitos dinâmicos e interativos.
Voltando à visualização da tabela, em uma apresentação em PowerPoint, por exemplo, não é recomendada a utilização de tabelas, pois pode confundir e tirar a atenção do público que ficará tentando ler as informações linha a linha durante a apresentação, desviando totalmente o foco da mensagem. É aconselhável trazer números e gráficos que apresentem a informação de forma mais clara e evidente.
Gráfico de Linhas
Um dos mais utilizados na visualização de dados, o gráfico de linhas é ideal para apresentar valores ou comparar variáveis ao longo do tempo, facilitando o entendimento de tendências e padrões nos dados.
Os gráficos de linhas são eficazes na visualização de dados ao mostrar como os valores mudam ao longo de um período. No entanto, é importante ter cuidado para que o gráfico de linhas não se transforme em um gráfico de espaguete. O gráfico de espaguete é um gráfico de linhas com muitas variáveis, o que torna a apresentação visual confusa e difícil de interpretar.
Por exemplo, se você estiver visualizando vendas de produtos por região e tiver muitas variáveis, a visualização pode ficar poluída. Nesse caso, seria mais apropriado usar um gráfico de barras empilhadas para apresentar os dados de forma mais clara e compreensível.
Gráfico de Velocímetro (Gauge)
Muito utilizado para apresentar KPIs, o gráfico de gauge é uma ferramenta eficaz na visualização de dados. Ele pode ser facilmente monitorado e analisado, sendo útil para diversos indicadores como medição de CPU, eficiência na linha de produção, métricas financeiras, entre outros.
No exemplo acima, temos um gráfico de gauge simples para monitoramento financeiro doméstico. Ele controla os gastos com compras mensais, estipulando um valor máximo de R$ 900, o valor mínimo de zero e o valor que chegou no mês anterior de R$ 750 como comparativo. A quantidade em azul indica onde o valor se encontra até o momento do monitoramento, sendo R$ 169,12.
Esse tipo de visualização de dados é muito útil para apresentar indicadores e KPIs. Exemplos de utilização incluem:
- Medição de CPU em um departamento de infraestrutura
- Monitoramento de eficiência na linha de produção
- Outras métricas financeiras
- Bater metas de atendimentos mensais, podendo colocar o valor a ser superado como meta
- Monitoramento da taxa de rotatividade de funcionários em um departamento pessoal
- Consumo de energia, entre outros indicadores
Gráfico de Setores
Também conhecido como gráfico de pizza, o gráfico de setores pode ser confuso em muitos casos e precisa ser usado com cuidado. Na visualização de dados, é aconselhável utilizar outro tipo de visualização se houver mais de dois tipos de itens apresentados.
A visualização de gráficos de pizza ou setores pode ser confusa em muitos casos e precisa ser usada com cuidado, sendo bem aconselhável na maioria dos casos utilizar outro tipo de visualização de dados. Se houver mais de dois tipos de itens apresentados, o gráfico tende a ficar poluído e desproporcional, como no exemplo da imagem à direita. A situação pode ser piorada se usado em 3D, distorcendo ainda mais a visualização dos números apresentados. Por mais que seja simples, utilize apenas se tiver as proporções apresentadas de forma bem distinta uma da outra.
Abaixo tem um exemplo que pode trazer confusão na visualização de dados de um indicador de qualidade. No primeiro gráfico, é apresentada uma pesquisa parecida com NPS (net promoter score), explicado no início do artigo, no tópico de OKRs. No primeiro gráfico, a pesquisa foi feita antes da implementação de uma campanha de melhoria de pós-vendas e treinamento da equipe de vendas. Já o gráfico da direita mostra a pesquisa feita após as melhorias. Verificando os gráficos, quase não dá para perceber a diferença entre eles e se realmente houve melhora na qualidade dos atendimentos. Mas a verdade é que, após a mudança, quase 70% dos clientes avaliaram entre satisfeito e muito satisfeito.
Uma solução para esse caso seria trocar o gráfico de setores por um gráfico de barras horizontais, por exemplo. Comparando o primeiro gráfico com o segundo, é possível perceber bem rapidamente a diferença entre o antes e depois da implementação da campanha de melhoria e treinamento, concluindo que houve êxito nos resultados, com mais da metade dos clientes que avaliaram como ‘ok’ sendo convertidos para ‘satisfeito’ ou ‘muito satisfeito’.
Considerações Finais
Vimos que é preciso definir um objetivo e uma forma de mensurar os valores a serem coletados para a construção do Indicador, seja este um indicador de desempenho ou um indicador-chave de desempenho (KPI) para alcançar Objetivos de Resultados Chave (OKR). E que o formato de apresentação deste indicador poderá ser representado em um gráfico ou vários gráficos dentro de um painel de visualização de dados.
É importante destacar que um indicador não resolve o problema, mas sim apresenta um cenário para que a tomada de decisão possa ser pautada em fatos reais e lógicos. Com a utilização de painéis e gráficos de visualização de dados, é possível ter uma tomada de decisão mais rápida e precisa. Por isso, é importante saber escolher o gráfico certo para o contexto correto, garantindo que a mensagem seja transmitida para o público-alvo de uma forma coerente e clara.
Referências
- Storytelling com dados por Cole Nussbaumer Knaflic.
- Indicadores de desempenho por Andresa S. N. Francischini e Paulino G. Francischini.